Augustin, o homem que driblou a epidemia mortal

Augustin, o homem que driblou a epidemia mortal

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O querido Augustin desperta na vala da peste”, pintura de Adam Brenner (1841)

A cidade de Viena sofreu, da idade média até o início do século XVIII, algumas epidemias de peste bubônica. Uma das mais intensas ocorreu no ano de 1679. Relatos da época trazem um número absurdo de vítimas fatais para uma cidade que tinha cerca de 120 mil habitantes. Hoje há um consenso entre historiadores de um mínimo de doze mil mortes causadas pela peste – ou seja, pelo menos 10% da população foi dizimada pela doença.

Mas um homem sobreviveu à epidemia de forma espetacular. Pelo menos de acordo com uma lenda local. O “querido Augustin” (“Der liebe Augustin” em alemão) era um músico popular na cidade. Tocava sua gaita de fole de bar em bar e, numa época de exceção também economicamente, muitas vezes recebia seus vencimentos em doses de álcool ao invés de dinheiro vivo.

Ao final de uma dessas noites regadas à bebida, Augustin tropeçou e adormeceu no meio da rua. Foi encontrado pelos soldados que recolhiam os mortos, colocado numa charrete junto com outros cadáveres e jogado numa vala comum fora dos muros da cidade. Quando despertou, já no dia seguinte, estava coberto por outros corpos e por uma pá de cal, jogada para preparar a chegada de novas vítimas. Augustin recorreu então à sua gaita de fole para chamar a atenção de passantes e ser retirado vivo dali sem nenhum tipo de sequela – para muitos, por conta do elevado teor etílico no sangue.

Realidade ou lenda urbana? O episódio é mencionado pelo pregador católico Abraham a Sancta Clara em seu texto “Mercks Wienn”, de 1680 – no caso, mais uma advertência ao consumo excessivo de álcool do que uma tentativa de glorificar o músico. No registro de óbitos de Viena há uma referência ao falecimento de um certo “Augustin N. – tocador de gaitas de fole” em 1684.

Ao longo dos séculos, a lenda ganhou popularidade e novos contornos. No início do século XIX surgiu inclusive uma canção popular cuja letra retrata o acontecimento, hoje muitas vezes parte do cancioneiro infantil.

Em Viena, Augustin batiza uma praça na região de Neustift (perto de onde seria a tal vala comum onde ele passou a noite), com direito a uma estátua. Sua lenda é tema também da decoração de um famoso restaurante no centro da cidade, o “Zum roten Dachel”, onde ele teria se apresentado. Augustin também é o nome de um tradicional jornal feito e vendido por pessoas sem teto nas ruas da cidade.

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Estátua na Augustinplatz (Foto: Luis Fernando Ramos)

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