Feminismo na antiguidade

Nas paredes do Museu da História da Arte em Viena, um quadro chama a atenção e causa alguma estranheza. A obra que retrata mulheres levantando suas saias e mostrando suas partes íntimas para soldados assustados foi durante muito tempo um enigma para os historiadores. Hoje se sabe que a obra do holandês Otto van Veen traz a cena de um ensaio feminista feito na antiguidade.

“As Mulheres Persas” é o nome da pintura que retrata uma cena contida na obra “Mulierum virtutes” (as virtudes das mulheres), do filósofo grego Plutarco. Nela, os jovens soldados persas buscam fugir no calor da batalha contra os membros da tribo dos Medos (sim, é o nome de um povo da região onde hoje é o Irã).

Antes de chegar aos muros da cidade, eles encontram suas mulheres, que levantam seus vestidos e bradam: “porque estão correndo tão rápido, seus maiores covardes do mundo? Certamente vocês não podem, em sua fuga, se esgueirar aqui de onde vieram”. Assustados e humilhados, os guerreiros voltam ao campo de batalha e conquistam uma vitória reabilitadora.

Aqui, Plutarco se posiciona sobre o papel da mulher, seguindo a tradição platônica em favor de uma educação semelhante à dos homens. A parceria entre ambos os gêneros, segundo ele, deve ser baseada em uma comunidade espiritual e moral e não apenas para produzir descendentes e satisfazer o desejo sexual.

Na obra de van Veen, a narrativa ganha essa estranheza típica do estilo maneirista, mas já apontando em alguns detalhes para a estética barroca que ganharia o mundo das artes em seguida. O papel do pintor nisto é muito claro: ele foi um dos principais professores do grande Peter Paul Rubens.

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