Quando lavar as mãos passou a salvar vidas

Quando lavar as mãos passou a salvar vidas

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Lave bem as mãos. Esta recomendação básica de higiene está sendo importantíssima na busca de desacelerar o nível de contaminação do Covid-19. Mas o que hoje soa óbvio foi por muito tempo ignorado inclusive pela classe médica. Mesmo quando havia indícios e até estudos sobre a importância da assepsia. O pioneiro nesse tema era um médico ativo em Viena no Século XIX: Ignaz Semmelweis. Que morreu sem ter suas teorias reconhecidas pela classe.

Nascido em Buda em 1818 (hoje parte de Budapeste, na Hungria), Semmelweis se formou em medicina em Viena e especializou-se em obstetrícia. Foi nomeado assistente do professor Johann Klein no Hospital Geral de Viena. Era uma época em que dar a luz ainda trazia um risco alto para as mães: a taxa de mortalidade pós-parto girava em torno de 10%.

No período, diversas maternidades foram criadas na Europa com o intuito de diminuir outro problema: a morte de crianças ilegítimas. Nas então novas instituições, as mães permaneciam anônimas e recebiam tratamento gratuito, em troca de servirem de treinamento para estudantes de medicina e parteiras.

No hospital em Viena haviam duas clínicas de obstetrícia e Semmelweis observou índices discrepantes nos óbitos maternos: a primeira possuía a taxa comum de 10%. Na segunda, esse índice era em torno de 3%.

Isso também era sabido fora do hospital e muitas mulheres grávidas imploravam para serem internadas na segunda clínica. Ou mesmo simulavam contrações fortíssimas para darem o parto na rua ao invés de serem admitidas na primeira. O médico observou também que, mesmo dando a luz em meio à sujeira da cidade, as mães apresentavam uma taxa maior de sobrevivência.

Utilizando um método empírico de isolar quaisquer diferenças entre as clínicas, Semmelweis concluiu que os estudantes de medicina que atuavam na primeira clínica poderiam estar transmitindo para as mulheres doenças dos cadáveres que faziam autópsia, uma atividade que não era feita pelas parteiras que trabalhavam na segunda clínica.

O médico introduziu então a lavagem obrigatórias das mãos dos estudantes com hipoclorito de cálcio entre os exames cadavéricos e os trabalhos na maternidade. Os resultados foram imediatos, com a mortalidade caindo rapidamente para casa de 1%, com alguns meses sem nenhuma morte.

Semmelweis publicou um estudo com sua descoberta em 1848. Mas a comunidade médica da cidade ignorou ou mesmo ridicularizou suas conclusões. Muitos se sentiram até ofendidos com a recomendação de lavarem as mãos. Recusavam-se a acreditar que mãos que salvavam vidas poderiam também ser vetoras de doenças.

O médico perdeu seu posto e sua relevância em Viena, reagindo à indiferença com indignação e fúria: passou a escrever cartas aos principais obstetras europeus, chamando-os de assassinos. Com o tempo passou a sofrer de depressão e foi internado num hospício em 1865, morrendo 14 dias depois de choque séptico após ser espancado pelos funcionários do lugar, num caso nunca esclarecido.

O reconhecimento ao trabalho de Semmelweis só ocorreu no final do século XIX, depois que a teoria microbiológica da doença foi finalmente confirmada pelo trabalho de outros cientistas, como o francês Louis Pasteur e o alemão Robert Koch.


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