O Covid-19 colocou toda a Europa em estado de exceção: a população recolheu-se às suas casas, fronteiras foram fechadas e apenas os serviços essenciais, como infra-estrutura, venda de alimentos e medicamentos continuam funcionando. Uma época cheia de restrições criando um cenário inédito para várias gerações.
Mas não é a primeira vez que um vírus coloca o continente numa situação como essa. No século XVIII, a Varíola causava um número estimado de 400 mil vítimas anuais. Um número assustador de uma doença que não escolhia vítimas. Numa sociedade extremamente desigual – muito mais que a Europa do século XXI – três monarcas foram levados pela epidemia: o imperador José I dos Habsburgo em 1711; o czar Pedro II da Rússia em 1730; e o rei Luís XIV da França em 1774.
No caso da família Habsburgo, as mortes causadas pela Varíola tiveram implicações políticas decisivas. A morte de José I (na imagem no topo de manto azul e dourado segurando uma espada entregue por seu pai e antecessor, o imperador Leopoldo I), jovem e ainda sem um herdeiro para o trono, mudou a linha sucessória da família. Seu irmão Carlos VI, que estava na Espanha lutando para que a península ibérica ficasse na mão deles, teve de voltar para Viena. A Espanha passou então a ser reinada – até hoje – pela família Bourbon.
Duas filhas da imperatriz Maria Teresa, filha e sucessora de Carlos VI, também contraíram a doença numa nova onda epidêmica: Maria Josefa morreu aos 16 anos, dias antes do casamento com o rei de Nápoles; já Maria Elisabete sobreviveu, mas as sequelas da Varíola deixaram seu rosto tão deformado que ela teve de ser descartada da tradição de casamentos políticos da família e seguir uma carreira religiosa.
Os especialistas da época não sabiam muito o que fazer para lutar contra a doença que, é importante citar, teria surgido antes mesmo do início da era cristã. Em Viena, o médico particular de Maria Teresa, Anton von Störck, recorreu ao métido de recolher gotas do pus de doentes para aplicação via oral em crianças, afim de imunizá-las. Houve uma redução temporária nos casos, mas também adoecimentos agudos e novas epidemias, o que levou a deixarem o método de lado.
O avanço decisivo ocorreu nos últimos anos do século XVIII, quando o médico inglês Edward Jenner observou que as mulheres que trabalhavam na ordenha nunca adoeciam. Isto ocorria porque elas se infectavam com a varíola bovina, uma variante mais leve do vírus, e ganhavam imunidade. O nome científico deste vírus era “vaccinia” (derivado do nome em latim do animal, “vacca”) e a aplicação dele em larga escala ganhou o nome de vacinação, termo utilizado até hoje em diversos países. Desde 1980 a varíola é considerada erradicada pela Organização Mundial de Saúde.
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